segunda-feira, fevereiro 27, 2006
sábado, fevereiro 25, 2006
Já rio e raio foste
e o vício do vinagre
te afeiçoou aos bares
onde homem te fizeste
com a ruga celeste
de chegares sempre tarde.
O encontro seria
a noite em que nasceras,
a borboleta de açúcar
no palato das feras.
Entanto no Natal
despetalando vamos
o malmequer de rum.
E existes porque faltas
Ó tanto de nenhum!
in “Poesia Completa de Natália Correia – Publicações Dom Quixote (Inéditos – 1961/66)
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
(4) baláziosDa famigerada seca,
Esta interpelação,
Por ser ao governo, peca.
Interpelem com coragem
O divino criador
Que da fatal estiagem
Tem os direitos de autor.
É que nada tem de lógico
Os governantes culpar
Do capricho meteorológico
De deus que a seca quis dar.
Mas se a deus, a oposição
Socialista não se curva,
Invoque, numa sessão,
Os espíritos da chuva;
Pois nada tem de falsário,
Antes será rigorista
Revelar que este plenário
É uma assembleia espiritista
in “Poesia Completa de Natália Correia – Publicações Dom Quixote
(Cantigas de Risadilha - entre 1979 e 1991)
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
Isto é, apesar das águas do rio Mondego estarem aparentemente domadas por barragens, açudes e margens empedradas, subsistem riscos elevados de ocorrência inundações.
Verifica-se (...) “a falta de uma política de construção dos decisores e dos técnicos, dando às pessoas a falsa sensação de que viver junto ao rio é seguro, principalmente nas áreas envolventes de Coimbra”
Ou seja, os decisores políticos estão-se nas tintas, e os decisores técnicos são incompetentes, para não variar.
"(...) Este estudo resolve um problema académico, mas, sendo uma tese de Educação Ambiental, é adequada para a política e para a população em geral."
Isto é, este estudo será mais um estudo de Educação Ambiental que terá aplicação idêntica a outros anteriores, sempre à mão numa prateleira perto de si.
Um dos principais objectivos deste estudo é, também, permitir aos decisores uma maior responsabilidade no planeamento urbano, alertando para a necessidade de mais espaços verdes para combater a artificialização dos solos.
A curiosidade deste estudo prende-se com a base de investigação na imprensa local, ponto de partida para a “localização e sinalização” do tempo e lugar onde ocorriam as inundações e as cheias em Coimbra. “A imprensa local é muito rica neste tipo de pesquisa cientifica”.
Ninguém duvida do esforço e competência dos académicos investigadores nem do valor dos trabalhos que produzem.
Por outro lado, constata-se que os senhores decisores e administradores da res publica não procuram nem estão a par, dos trabalhos produzidos pacientemente pela investigação. Quando muito, tomam conhecimento da sua existência, balbuciam umas palavras de circunstância no lançamento do livro (ou whatever), deixam-se fotografar para alimentação dos media, e já é um grande favor que julgam ter prestado à sociedade. Mal termina o almoço raspam-se a toda a cilindrada …
Aparentemente ninguém com algum poder nas unhas, ainda que mínimo, lê mais do que o ofício ou nota de serviço estritamente necessário, e somente da sua área restrita de (in)acção.
Se exercitassem verdadeiramente a leitura, estimulariam a necessidade de algum estudo, mas isso já seria, na óptica deles, considerado trabalho no sentido de suar. Ora suar é intolerável pois é ponto assente e aceite que um dirigente não sua. Suar é para os subordinados, não é próprio de um chefe.
Às vezes até, nos serviços públicos fica toda a gente muito admirada e enternecida quando o senhor doutor ou o senhor engenheiro, ele próprio e em pessoa!!! faz isto ou aquilo, com as próprias mãozinhas!!! tão giro, afinal o senhor engenheiro e doutor também é como a gente.
Ora, estes exemplos transmitem-se simpaticamente aos restantes dirigidos da carreira. Poucos funcionários (sensu lato) sabem bem como e o que andam a fazer, e para quê.
Assim percebe-se o porquê do país arder todo, de ano para ano, a razão dos peixes dos rios morrerem todos, de tempo a tempo, a qualidade das águas ser contraditória quando não é uma incógnita, por que não se acautelam os efeitos das secas, por que se é incapaz de intervir em caso de enxurradas e cheias, etc.
Ao invés, optam os senhores doutores nomeados e pagos para dirigir, por encomendar algures e à pressão, estudos diversos tipo instantâneo, de qualidade duvidosa mas muito boa impressão e a cores, para satisfação das necessidades conjunturais e projecção da imagem do dever cumprido junto da sociedade civil (antigamente conhecida por povo).
Jamais (enfim raramente) tentaram ou tentam solucionar um problema desde o princípio porque acham que isso seria assumir que não sabem, contrariando a definição de senhor doutor ou senhor engenheiro que é aquele que sabe sempre tudo acerca de todos os assuntos e nunca erra. Desta definição decorre o facto incontestável de não haver nunca (enfim raramente) lugar a responsáveis pelas asneiras. Nem despedimentos.
Assim aparentemente conclui-se que:
1) Nunca (enfim raramente) é uma primeira opção procurar saber qual é o estado das artes, por exemplo, junto das universidades.
As universidades, por seu turno, lá vão formando "Mileuristas" que estudam e investigam muitas coisas …
2) Os senhores dirigentes - directores gerais, administradores disto e daquilo, presidentes e pagos a peso de ouro – não aplicam a novidade e a ciência que é produzida por cá porque ignoram que ela existe.
3) Os senhores dirigentes quando e se admitem “não estar na posse de todos os dados” isto é quando são ignorantes na matéria, são apenas a ponta de um iceberg hierárquico, o que significa que ninguém em toda a instituição sabe resolver o problema, o que quer dizer que aquele serviço não serve para nada.
4) Muitos destes dirigentes VIPes, quando são chutados fora do cargo (normalmente depois de haver eleições), regressam às suas Universidades onde são originalmente docentes, o que é dramático.
O fisting com a mulher em suspensão
Não é para qualquer madraço,
Isto não é “abre as pernas coração”...
E enfiar a mão, o punho, e por fim o braço!
terça-feira, fevereiro 21, 2006
A SOLUÇÃO PARA A CRISE:
CORRIGIR A COR DAS LENTES
Ao redor de um cacto há anos-luz de deserto de inspiração e talento. Vale bem mais parecer do que ser. O importante é a cor das lentes.
“…para os mais jovens, que estão no mercado de trabalho, por vezes há bastante mais do que uma década, o emprego certo e seguro não passa de um sonho irrealizável. E a garantia de uma almofada do Estado quando mais tarde precisarem dela é um mito ainda mais distante. Falamos dos milhões de licenciados que acumulam mestrados e doutoramentos, estágios a seguir a estágios, em muitos casos não remunerados, ou empregos temporários e mal pagos tendo em conta a sua formação superior. São pessoas cujo presente instável só pode assegurar-lhes um futuro ainda mais incerto.”
in Editorial (Fernando Madrinha) do Courrier Internacional
“Em meados de Agosto, recebemos no jornal uma carta que anunciava o aparecimento de uma nova classe social.
Intitulada “Sou uma mil-eurista“, dizia designadamente: “O mil-eurista é um jovem diplomado, que sabe línguas estrangeiras, possui mestrados, doutoramentos, estágios de formação, e que não ganha mais de mil euros. Gasta mais de um terço do salário no aluguer. Não põe dinheiro de parte, não é proprietário, não tem carro nem filhos, vive um dia de cada vez... Às vezes é divertido, mas à força é cansativo…”
in Courrier Internacional
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
TECNO POP - O CHOQUE TECNOLÓGICO / PARTE 1
O ex-deputado socialista e actual administrador da Galp, Fernando Gomes, vai começar a receber em Março uma reforma de 3172 euros, um valor que irá acrescentar ao seu salário mensal na ordem de 15 mil euros.
O Governo, liderado por José Sócrates, nomeou pelo menos 1094 pessoas num espaço de dois meses e meio, uma média de 13 por dia. E, segundo o Correio da Manhã apurou, alguns dos nomeados, por força de poderem optar pelas remunerações das empresas onde exercem funções no sector privado, terão salários superiores ao vencimento de ministro e mesmo do primeiro-ministro
TECNO POP - O CHOQUE TECNOLÓGICO / PARTE 2
O OSSO
A
Mais de 70% dos novos empregos são precários
As empresas cada vez mais recorrem a contratos não efectivos no recrutamento de novos trabalhadores. Dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que, em 2005, apenas 29% dos trabalhadores por conta de outrem, com antiguidade até 12 meses no actual emprego, tinha contrato sem termo.
B
Terminada a licenciatura, muitos bolseiros concorrem a uma bolsa de iniciação científica, renovável anualmente, até três anos. O licenciado pode ter várias bolsas, sem atingir nenhum grau académico. Muitas vezes, faz-se o mestrado ou o doutoramento. Ganhando bolsa, fica-se a fazer o doutoramento durante quatro ou cinco anos, sempre com renovação anual.
Muitas vezes não há saídas profissionais e pede-se uma bolsa de pós-doutoramento. Nestes casos é-se bolseiro quase até aos 40 anos, saltando de umas bolsas para as outras, nuns casos adquirindo graus académicos.
Os bolseiros não têm direito a protecção social ou baixa médica, não recebem subsídio de Natal e de férias, e muitos deles satisfazem necessidades permanentes das instituições.
Não se sabe exactamente quantos bolseiros existem em Portugal. A única certeza é que a Fundação para a Ciência e Tecnologia concede 4 mil bolsas. Para além desses, calcula-se que existam outros quatro mil bolseiros. No total, serão cerca de oito mil.
Segundo um estudo do Comunity Innovation Survey, Portugal é o país da União Europeia menos inovador em termos de indústria transformadora. Faz-se investigação em todos os domínios de conhecimento e a produção científica em determinadas áreas tem crescido ao longo dos anos. Existe capacidade científica mas a produção científica é muito condicionada pela escassez de meios financeiros.
Os laboratórios de Estado estão ainda mais condicionados, com pouco dinheiro e poucos quadros.
A investigação feita no sector privado é residual.
(B foi "adaptado" do site da Associação de Bolseiros de Investigação Científica - ABIC)
domingo, fevereiro 19, 2006
Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo
Que importa perder a vida
na luta contra a traição
se a razão mesmo vencida
não deixa de ser razão
Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério
Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia
António Aleixo
IMPRESSÃO DIGITAL
Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!
António Gedeão (Rómulo de Carvalho) in "Movimento Perpétuo", 1956
sábado, fevereiro 18, 2006
Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes, os tristes,
tão fora de esperar bem
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castelo-Branco, Cancioneiro Geral
comentário da paxaxita : 2:46 AM
Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar
Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar
1969, Zeca Afonso. Menina dos Olhos Tristes
Letra de Reinaldo Ferreira, interpretação de Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso
Ai o bem fugindo,
cresce o mel cos’anos,
vão-se descobrindo
co’ tempo os enganos.
Amor e alegria
menos tempo dura.
Triste de quem fia
nos bens da ventura!
Bem sem fundamento
tem certa mudança,
certo sentimento
na dor da lembrança.
Quem vive contente,
viva receoso: mal
que se não sente,
é mais perigoso.
Quem males sentiu,
saiba já temer;
e pelo que viu
julgue o que há de ser.
Alegre vivia,
triste vivo agora;
chora a alma de dia,
e de noite chora.
Confesso os enganos
do meu pensamento:
bem de tantos anos
foi se num momento.
Meus olhos, que vistes?
Pois vos atrevestes,
Chorai, olhos tristes,
o bem que perdestes.
A luz do Sol pura
só a vós se negue;
seja a noite escura
nunca a manhã chegue.
O campo floresça,
murmurem as águas,
tudo me entristeça,
cresçam minhas mágoas.
Quisera mostrar
o mal que padeço;
não lhe dá lugar
quem lhe deu começo.
Em tristes cuidados
passo a triste vida;
cuidados cansados,
vida aborrecida!
Nunca pude crer
o que agora creio:
cegou-me o prazer
do mal que me veio.
Ah, ventura minha,
como me negaste!
Um só bem que tinha
porque mo roubaste?
Triste fantasia,
quanta cousa guarda!
Quem já visse o dia
que tanto lhe tarda!
Meus olhos, que vistes?
Pois vos atrevestes,
Chorai, olhos tristes,
o bem que perdestes.
A luz do sol pura
só a vós se negue;
seja a noite escura
nunca a manhã chegue.
O campo floresça,
murmurem as águas,
tudo me entristeça,
cresçam minhas mágoas.
Quisera mostrar
o mal que padeço;
não lhe dá lugar
quem lhe deu começo.
Em tristes cuidados
passo a triste vida;
cuidados cansados,
vida aborrecida!
Nunca pude crer
o que agora creio:
cegou-me o prazer
do mel que me veio.
Ah, ventura minha,
como me negaste!
Um só bem que tinha
porque mo roubaste?
Triste fantasia,
quanta cousa guarda!
Quem já visse o dia
que tanto lhe tarda!
Nesta idade cega
nada permanece;
o que ainda não chega
já desaparece.
Qualquer esperança
foge como o vento:
tudo faz mudança,
salvo meu tormento
Amor cego e triste,
quem o tem, padece:
mal quem lhe resiste!
Mal quem lhe obedece!
No meu mal esquivo
sei como Amor trata:
e, pois nele vivo,
nenhum amor mata.
Luís Vaz de Camões
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
de disparates que já cá cantam.
O percurso percorrido (Toccata & sobretudo Fuge) trouxe-nos bastante satisfação económica e sexual, e vice-versa, e cremos estar, doravante, ainda mais habilitados para integrar as listas de pagamento de qualquer DIRECÇÃO GERAL e até do GOVERNO DA REPÚBLICA.
Agradecemos a todos os belogues que nos têm apoiado e até oferecido o seu amor. Se os houver, desprezamos aqueles outros que nos têm viciosamente vilipendiado e aviltado.
Um médico faz perguntas durante a consulta:
- Ouve bem?
- Ouço muito bem Sr Dr.
- Vê bem?
- Vejo muito bem Sr Dr.
- Sente-se mal com algum tipo de alimentos?
- Não Sr Dr. Como muito bem e nunca tive problemas de digestão.
- E defeca bem?
- Desculpe, Sr Dr?
- Quero dizer, quando vai ao WC, ... tem algum problema?
- Ah! Percebo Sr Dr. Eu não tenho qualquer problema. Eu cago muito bem e mijo melhor ainda. O autoclismo* é que funciona mal.
* descarga em "Brasileirês"
mas um dia apareceu um gajo que disse “eu faço o burro rir”. pagou os cinco euros e cochichou uma coisa baixinho à orelha do burro. parecia impossível mas o animal desatou num zurrar doido de riso, rebolando pelo chão a desfazer-se em mijo com as quatro patas agarradas à barriga de tanto zurrar a rir. o ti-zé-do-burro ficou de cara à banda e lá pagou os 100 euros. porque o tipo não se descoseu com o segredo que disse ao burro, e porque o ti-zé era previdente não fosse o gajo contar a toda a gente o truque para fazer o burro zurrar a rir arruinando o negócio, mudou a táctica e passou a anunciar 100 euros para quem fizesse o burro zurrar de choro. o novo negócio andou bem e o povo apostava e contava ao burro as maiores tristezas, desgraças e acidentes verdadeiros e inventados, mas o burro ficava impávido. até que um dia apareceu de novo o mesmo gajo que já tinha causado o riso no burro e disse “eu faço o burro chorar”. fez um gesto em frente ao animal e aquilo a que toda a gente assistiu foi a um autêntico dilúvio lacrimal asinino. o animal largou no maior pranto jamais visto. zurrou e chorou, chorou e zurrou e chorou chorando, e ficou deprimido e inconsolável e pensou-se até que a sua vida corresse perigo, tal foi o tamanho da tristeza do pobre animal triste. o ti-zé-do-burro foi procurar o tal tipo causador das perturbações presentes e passadas e ofereceu-lhe mais 100 euros pela revelação do segredo do riso e choro do burro que lhe transtornaram o animal e o negócio. o gajo depois de muito regatear esta opa feita pelo ti-zé, lá aceitou e a revelação que não podia ser mais espantosa: disse “primeiro para fazer o burro rir contei-lhe ao ouvido que a minha sarda era maior do que a dele; depois para o fazer chorar mostrei-lha”.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
(0) balázios (0) balázios (0) balázios (0) baláziosAMOR
amoR
AmOr
AMOr
aMoR
amOR
AMor
AmOR
Amor
aMOR
aMor
amOr
AMoR
hoje é um dia especialmente dedicado ao MEU amor, à semelhança de (...) anteontem, ontem, amanhã, depois de amanhã, etc ...
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
(0) baláziossexta-feira, fevereiro 10, 2006
(5) baláziosquinta-feira, fevereiro 09, 2006
Ralho é a discussão acalorada como (foi?) a "disputa do santo sacramento" (1510, Raffaello Santi).
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
ah! O Primeiro Mundo ...
ah! A Europa ...
ah! O "progresso"
ah! Acabaram-se as pipas de vinho nas tascas ...
ah! Foram abolidos os galheteiros...
ah! A era das telecomunicações e da internet ...
ah! A esterilização...
ah! A Estação de Correios do Girassolum... (na foto)...
“(...) É de salientar, porém, que as investigações sobre a autoria de cartas anónimas e violações do segredo de justiça desencadeadas nos últimos cinco anos não foram bem sucedidas e o número de processos que chegou a julgamento nem assumiu relevância estatística.”
in "O Expresso" de 10 Janeiro 2004
terça-feira, fevereiro 07, 2006
(…)
Os ricos exemplares doirados por folhas e com elas azaradas; os de seixas finamente trabalhadas com oiro; os que apresentavam os mais belos ferros nos seus marroquins; as encadernações em veludo vermelho, tão nobres, e as de pergaminho, tão severas; as lindas capas de madeira com metais preciosos e outras de segredo, com a sua pequena corrediça onde se escondiam miniaturas profanas e licenciosas, ou relíquias devotas; as inúmeras encadernações de fantasia, feitas com pele de animais diversos –a pantera, o crocodilo, a serpente, o bacalhau e a foca –, tudo foi destruído na catástrofe de 1755.
Não refere a História se, nessa espectaculosa (sic) biblioteca do inteligente rei, havia também, como nalgumas outras, encadernações feitas com pele humana.
Estas fantasias macabras davam um valor especial às obras a que se aplicavam.
Assim era grande a estimação em que o médico inglês Dr. Ashew tinha dois volumes encadernados com a pele duma feiticeira do Yorkshire, Mary Ratman, que fora enforcada pelo crime de assassínio.
Um rico negociante de Cincinnati mandou encadernar a Virgem Sentimental, de Stern, com a pele de uma negra; e com as das costas duma chinesa o livro Tristan Shandy, do mesmo autor.
Goncourt conta no seu jornal que um encadernador do Faubourg St. Honoré era especialista em aproveitar a pele dos seios femininos nos seus trabalhos. E o editor Lireux afirma ter visto um exemplar da Justine, do Marquês de Sade, encadernado em pele de mulher.
O insigne astrónomo Flammarion foi uma vez convidado pela Condessa de Saint Auge, entusiasta do seu talento, para ir passar uns dias no pitoresco castelo que ela habitava no Jura. Parece que o sábio admirou com desvanecimento os ombros decotados da linda condesa...
Pouco depois, morria ela, e o seu médico escrevia a Flammarion dizendo que, para cumprir o desejo da morta, lhe enviava a pele do peito que tanto o encantara na noite da despedida, pedindo-lhe que com ela fizesse encadernar o seu próximo livro.
É assim que, na biblioteca do filósofo, figura ainda hoje a obra Terras do Céu, encadernada com a pele da romântica condessa. E nas folhas azaradas a vermelho, do livro, fez o sábio semear estrelas de oiro, que lhe recordam as noites cintilantes do Jura...
Extravagante idílio!»
CONDE DE SABUGOSA, Neves de Antanho, 2.ª Ed. – Lisboa: Portugal-Brasil, [19--], pp.289-291.