quinta-feira, fevereiro 16, 2006
o ti-zé-do-burro ganhava a vida pelas feiras com uma aposta em que prometia pagar 100 euros aquele que fizesse o seu burro zurrar de riso. os candidatos pagavam 5 euros e tentavam a sorte fazendo cócegas ao animal, contando anedotas, e fazendo mil palhaçadas que divertiam todos os seres que a feira juntava, excepto o burro. o animal nem uma orelha mexia daí que nunca havia 100 euros para ninguém e o ti-zé lá ia ganhando para pagar as sua contas e as do burro.
mas um dia apareceu um gajo que disse “eu faço o burro rir”. pagou os cinco euros e cochichou uma coisa baixinho à orelha do burro. parecia impossível mas o animal desatou num zurrar doido de riso, rebolando pelo chão a desfazer-se em mijo com as quatro patas agarradas à barriga de tanto zurrar a rir. o ti-zé-do-burro ficou de cara à banda e lá pagou os 100 euros. porque o tipo não se descoseu com o segredo que disse ao burro, e porque o ti-zé era previdente não fosse o gajo contar a toda a gente o truque para fazer o burro zurrar a rir arruinando o negócio, mudou a táctica e passou a anunciar 100 euros para quem fizesse o burro zurrar de choro. o novo negócio andou bem e o povo apostava e contava ao burro as maiores tristezas, desgraças e acidentes verdadeiros e inventados, mas o burro ficava impávido. até que um dia apareceu de novo o mesmo gajo que já tinha causado o riso no burro e disse “eu faço o burro chorar”. fez um gesto em frente ao animal e aquilo a que toda a gente assistiu foi a um autêntico dilúvio lacrimal asinino. o animal largou no maior pranto jamais visto. zurrou e chorou, chorou e zurrou e chorou chorando, e ficou deprimido e inconsolável e pensou-se até que a sua vida corresse perigo, tal foi o tamanho da tristeza do pobre animal triste. o ti-zé-do-burro foi procurar o tal tipo causador das perturbações presentes e passadas e ofereceu-lhe mais 100 euros pela revelação do segredo do riso e choro do burro que lhe transtornaram o animal e o negócio. o gajo depois de muito regatear esta opa feita pelo ti-zé, lá aceitou e a revelação que não podia ser mais espantosa: disse “primeiro para fazer o burro rir contei-lhe ao ouvido que a minha sarda era maior do que a dele; depois para o fazer chorar mostrei-lha”.
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