terça-feira, março 03, 2009
Maria "Barbuda" e Marques "Sardinha", figuras cujas cantigas ao desafio se tornaram lendárias no início do séc. XX em Estarreja.Maria Marques de Sousa, nascida em Beduído no ano de 1869, justifica assim a sua alcunha:
As Barbas que tenho,
tamanhas como as de um homem
são rijas e não encolhem
não são como certas coisas nos homens!
Já José Maria Marques, conhecido por "Sardinha" por ser natural desse lugar de Avanca, define-se assim:
Se um dia fores a Avanca prègunta pelo Zé Marques,
que qualquer pessoa te diz:
- É home das quatro artes!
Primeira: sou lavrador;
segunda: sou musiqueiro;
a terceira, cantador;
e a quarta, sou ... putanheiro!
Embate entre Marques Sardinha e Maria Barbuda que decorreu na festa do S. Paio da Torreira (Murtosa) e que deu início à lenda sobre os dois cantadores.
in SARABANDO, João (1999) Marques Sardinha / Maria Barbuda ao desafio
Estarreja: Câmara Municipal de Estarreja – 2.ª Edição – pág. 53-54.
(1) balázios
As Barbas que tenho,
tamanhas como as de um homem
são rijas e não encolhem
não são como certas coisas nos homens!
Já José Maria Marques, conhecido por "Sardinha" por ser natural desse lugar de Avanca, define-se assim:
Se um dia fores a Avanca prègunta pelo Zé Marques,
que qualquer pessoa te diz:
- É home das quatro artes!
Primeira: sou lavrador;
segunda: sou musiqueiro;
a terceira, cantador;
e a quarta, sou ... putanheiro!
Embate entre Marques Sardinha e Maria Barbuda que decorreu na festa do S. Paio da Torreira (Murtosa) e que deu início à lenda sobre os dois cantadores.
«De calça branca, de camisa branca e trazendo à cinta um chifre de boi cheio de vinho, Marques Sardinha entrou, despreocupadamente, no grande arraial. Entretanto, corria a sete pés (…) que uma cantadeira estava a “embrulhar” todo o mundo, dando cabo do canastro ao cantador mais fadista. Prevenido mas resoluto, o jovem encaminhou-se para o local onde a mestra dava lições. E esta, de facto, ao deparar com um romeiro em tais “pruparos”, disparou de chofre:
Ó moço da calça branca,
Donde vens, pra onde vai?
O que traz aí à cinta
É uma coisinha sua
Ou herdança de seu pai?
Apanhando, sem pestanejar o pião à unha, Marques Sardinha, pronta e desconcertantemente, retorquiu:
Isto não é coisa minha
Nem herdança de meu pai
É o corno do seu home
Que de maduro lhe cai!
Entre surpresa e aziumada, ela “desconversou”
Cala-te aí, piolhento,
Carregado de piolhos;
Se não fizeres limpeza,
até te vão para os olhos!
Réplica imediata, “mortal”, de Sardinha
Chamaste-me piolhento
Piolhos são bezerrias;
Tu é que mos apegaste
Quando comigo dormias!...»
in SARABANDO, João (1999) Marques Sardinha / Maria Barbuda ao desafio
Estarreja: Câmara Municipal de Estarreja – 2.ª Edição – pág. 53-54.