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sábado, junho 14, 2008




GENIO DE COIMBRA (a)
A doçura dos ares, a serenidade dos ceos, e a fertelidade do sólo, fazem de Coimbra uma terra de delicias. Os seus campos sempre vestidos de verdura, e povoados de laranjeiras, loiros e oliveiras, que nunca largão a folha, parecem respirar uma eterna primavera.
É verdade, que ás vezes é tão rigoroso o Inverno, que parece ser o mesmo o clima de Coimbra. Um frio, como o da Russia, deixa por muito tempo nas fontes e poços das ruas as aguas geladas.(…)
Tambem são mui frequentes no verão os suffocativos suões. O sol nestes dias, quando se levanta, vem sempre coberto de vapores sanguineos. Dentro das montanhas visinhas sáe, como da boca de um forno, um bafo, que abraza e suffoca. (…)
Os habitantes de Coimbra gozão de um temperamento sanguineo. O canto e os risos são o seu estado ordinário. (…)
Nunca vi um povo mais curioso. Não levantão uma chaminé, em que não gravem a era da sua erecção. Nota-se isto em todos os edificios da cidade, grandes e pequenos. Se os povos da Grecia e Roma tivessem sido tão desvelados em transmitir á posteridade a épocha das suas façanhas, não darião tanto que fazer aos antiquarios modernos.


(a) Entendo por Genio de Coimbra a temperatura do clima, e indole dos habitantes.


in CORTE-REAL, António Moniz Barreto (1831) Bellezas de Coimbra
Coimbra: Real Imprensa da Universidade, p.24-28

(3) balázios