quinta-feira, maio 03, 2007
NO CLAUSTRO DE CELAS
CAMILO PESSANHA
E eis quanto resta do idílio acabado,
— Primavera que durou um momento…
Como vão longe as manhãs do convento!
— Do alegre conventinho abandonado…
Tudo acabou... Anémonas, hidrângeas,
Silindras — flores tão nossas amigas!
No claustro agora viçam as ortigas,
Rojam-se cobras pelas velhas lájeas.
Sobre a inscrição do teu nome delido!
— Que os meus olhos mal podem soletrar,
Cansados... E o aroma fenecido
Que se evola do teu nome vulgar!
Enobreceu-o a quietação do olvido,
Ó doce, ingénua, inscrição tumular.
Cancioneirinho de Coimbra de Eugénio de Andrade
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