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sábado, abril 08, 2006

ICN - INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA


Golpe Palaciano no ICN
À boa maneira das repúblicas das bananas da América Latina e das repúblicas populares de África, está em curso um golpe palaciano no Instituto da Conservação da Natureza, com o fim de o extinguir juntamente com o seu quadro de pessoal.
Durante duas semanas grande parte dos dirigentes do ICN estiveram em visita de trabalho no Brasil, onde compareceram à Conferência das Partes da Convenção da Biodiversidade. Concretamente participaram nessa comitiva, dolorosamente afastados do seu serviço no País, o Presidente, a Vice-Presidente, o Director de Serviços da Conservação da Natureza, a Assessora da Presidência, a Relações Públicas e dois biólogos (usando a conhecida metáfora da competição de remo, a tripulação era, assim, constituída por 5 timoneiros e 2 remadores - ainda não se sabe em que posição chegaram).
Como se de um qualquer país terceiro-mundista se tratasse, a ausência física dos lugares do poder paga-se caro, mesmo nesta era das tecnologias da informação e da comunicação (uma socrática lição). Ao chegar, ao fim de duas semanas, para retomar o seu posto, o Presidente foi posto ao corrente da pequena reviravolta: o ICN e o seu quadro iria ser extinto pela Tutela. E pronto. Já está.
Pelos visto quere-se "refundar" o ICN. Quere-se um ICN novo, muito provavelmente um ICN novo com amanhãs que cantam. A justificação é que se pretende reforçar a biodiversidade (o que é um pouco paradoxal quando com isso queremos justificar extinções!?...). Assim o ICN novo (pelos vistos já designado por ICN-B!??) terá competências na biodiversidade, além de aglutinar as actuais competências do ICN velho. Bom, aqui o velho do restelo junta-se ao menino do rei vai nu e, a capella, perguntam "onde está a diferença?". Mas isso são esses. O povo rejubila sempre com o que é novo, o homem novo, a nova ordem, o estado novo, a república nova e, até, o carro novo. Seja o que fôr, se cheirar a novo é bemvindo. Portanto agora é que é. O que faltava ao ICN era um novo bê. Se fôsse detergente teria sido ICN PLUS, ICN EXTRA ou ICN Super, portanto não nos podemos queixar.
Bom, um cínico poderia aventar que a extinção do quadro leva à extinção de todos os cargos, sem direito a qualquer indemnização. Mesmo os de dirigentes intermédios em comissão de serviço, escolhidos por concurso (os que estão em substituição podem, e muito correctamente, ser sacudidos a qualquer altura. Mas, infelizmente, o mais provável é que não haja nenhum estratégia escondida. É que é sina deste País. Falta de estratégia. Nem sequer para fins obscuros se consegue definir, planear e executar uma estratégia consistente.
Muito provavelmente foi mais uma saloice do estilo nova cor dos táxis. Foram à alemanha, viram táxis cor de cocó de bebé e pensaram: alemanha é um país desenvolvido. A Alemanha tem táxis cor de cocó de bebé. Logo um país para ser desenvolvido deve ter táxis cor de cocó de bebé.
Silogismo semelhante devem ter feito com as notícias do Brasil: Os países ricos têm a palavra biodiversidade na designação dos serviços de natureza, logo Portugal para ter dinheiro para a conservação da natureza o que precisa é de acrescentar um bê de biodiversidade ao acrónimo ICN. Este País daqui a pouco não pode com todo o desenvolvimento novo. Ele é o novo governo, o novo presidente, a nova administração, a nova opa, o novo choque tecnológico, a nova atitude governativa. Agora um ICN NOVO. Transpira-se novidade. Bom, isto é tudo muito bom (e novo) mas implica um paradoxo (outro, já é o segundo no mesmo texto...) o que é novo não o é para sempre. Aliás, não dura muito tempo em estado novo (esta foi sem querer) .
Alguém tem que lavar a entrada, limpar o pó, olear as juntas. Enfim, fazer a respectiva manutenção. E aqui é que a senhora porcina torce o prolongamento coxigíneo, a manutenção não é o nosso forte. Mas não é caso para dramas. Quando este novo estiver perro, cheio de pó, com dedadas de gordura, i.e., quando este novo ficar velho, haverá uma solução evidente: arranja-se uma novidade!
Vivónovo sempre!
Velhismo nunca mais!
enviado por V. de A.
(nosso correspondente em Algures)

Comments:
É fartar vilanagem
 
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