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terça-feira, janeiro 24, 2006

Coimbra vista em Setembro 1873 por uma inglesa


Coimbra dista obra de milha e meia da estação, que está ao sopé de um monte a pique. A ida para a cidade por larga estrada, vestida de tílias, é agradavel couza. (…)
O trajar domingueiro do povo é diverso do que uzam as aldeãs suburbanas do Porto, principalmente no feitio do chapéu, que tambem tem aba larga, mas descaída para a nuca. Excedem-nas no alardo de ponderosas correntes de ouro, que pelo tamanho e grossura, parecem insignias de dignatarios civicos. Afóra estes enfeites, uzam cruzes, broches, arrecadas, anneis e pulseiras, chitas ramalhudas, lenços bordados e aventaes, ramilhetes e grinaldas nos chapeus, soccas elegantes e, ás vezes, meias.
(…)
As ruas de Coimbra são negras; muitas são meras viellas, de costa acima quazi todas, escadeadas, litteralmente, calçadas de pedrinhas redondas, de nenhum modo gratas aos pedestres. Algumas são asquerosas; mas, hoje em dia, creio que já se não faz mister aos estudantes, primorosos como já foram no calçado, estabelecer estações em diversos pontos da cidade para, durante o dia, mudarem de calçado. (…) Actualmente estão fóra muitos academicos; mas alguns vi envoltos nas suas grandes capas, descobertos, posto que tinham uma especie de carapuças que trazem nas mãos ou nos bolços, e com ellas cobrem as cabeças á semelhança dos nossos «opas-azues». (Blue-coat boys). (…) Á tardinha, subimos aos jardim botanico e aqueductos, e passeamos entre os elegantes na bonita alamêda, á margem do rio. Estudantes e lentes com as suas vestes academicas, e senhoras esmeradamente trajadas iam e vinham, ou sentavam-se debaixo das tilias e acacias d´este passeio graciosamente arborizado.



in Lady Jackson, Catharina Carlota (1877) A Formosa Lusitânia por… Versão do inglez, prefaciada e annotada por Camillo Castello Branco.
Porto: Livraria Portuense-Editora, pág. 389 à 397

(a continuar)

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