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sexta-feira, novembro 18, 2005

FARMÁCIA

Anteontem, como consequência da digestão difícil do molho de escabéche onde nadava um cardume cerrado de enguias da Murtosa, rematei a tarde com uma passagem pela farmácia ...
Ao balcão em animada tertúlia, o Dr. farmacêutico, uma Dra cliente e um Dr delegado de propaganda médica discutiam alguns dos actuais candidatos a presidente da nação portuguesa. O Dr farmacêutico justificava o seu não voto "nesta cambada de ladrões que andam na política para se encherem de massa sem fazerem nehum", que cumpria com "um dia de passeio em família há uma data de anos a esta parte"; a Dra cliente defendia o regresso iluminado do professor cavaco "para ver se isto se equilibra, que um socialismo com maioria absoluta como temos actualmente, e um ministro destes, valha-nos deus, sem categoria nenhuma ... isto ninguém vem cá investir, isto está tudo parado, estes socialistas são um perigo para a estabilidade, isto não tarda nada está como a Albânia antigamente"; o Dr delegado de propaganda médica lembrava a importância e o prestígio do ex presidente Soares "que toda a gente conhece lá fora, e que não tinha necessidade de voltar à política, se o faz é sem qualquer interesse pessoal, que já não precisa, e que é o verdadeiro animal político que destes já não se fabricam e que foi o primeiro a avançar já que ninguém se decidia".
Tossi uma tosse de chamar a atenção.
Oh, peço desculpa, se faz favor, decidiu-se o Dr farmacêutico.
Eu só quero uma caixa de pastilhas para a azia ...


in "Uma posta que é uma bosta", 1313, Ed. Metralha, 2005


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