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sexta-feira, setembro 23, 2005

COIMBRA

Andei lá por terras,
Tantas cidades que vi,
Outros climas, outras serras…
E às vezes scismava em ti!
De Londres via a grandeza,
Vi o encanto de Veneza,
De paris a sedução;
Vi de Roma os monumentos,
E mesmos nesses momentos,
Foi fiel meu coração.
O Reno com os seus castelos,
Viena, Milão, Berlim,
Da Suiça os cantões belos
Não me falavam a mim;
Não falavam como falas,
Coimbra, nas tuas galas,
Que eu sei que aprendi de cór,
Não diziam o que dizes
Nesse estendal de matizes,
Que tens de ti ao redor.

João de Lemos


in BOLETIM n.º 3 (de 3 de Julho de 1922)
Boletim do Segundo Congresso Beirão em Julho de 1922
Coimbra: Coimbra Editora, pág. 1




JOÃO DE LEMOS
[Peso da Régua, 1819 - Maiorca, 1890

João de Lemos foi um dos poetas mais conhecidos do seu tempo, integrando-se na chamada segunda geração romântica. Com uma formação ideológica conservadora, miguelista e católico convicto, estudou Direito em Coimbra, até 1846, tendo pertencido ao grupo do jornal O Trovador, em cujo círculo germinou a sensibilidade ultra-romântica; dessa época provêm as dominantes da sua poesia: um sentimentalismo exagerado, de raiz lamartiniana, o culto da saudade (bem patente na "Lua de Londres", o seu poema mais celebrado), um patriotismo de teor passadista, uma melancolia vazada em estruturas métricas e estróficas convencionais, etc. De resto, João de Lemos pertenceu àquela geração de poetas que municiavam os "serões românticos da Regeneração com uma poesia feita para ser recitada e cantada ao piano, numa atmosfera de discreto recato burguês. Além da sua produção literária, desenvolveu regular actividade de jornalista, em órgãos de imprensa sintonizados com o seu espírito conservador (A Nação, O Cristianismo, Revista Universal Lisbonense, etc.); durante cerca de vinte anos (1864-1884) viveu retirado da vida pública.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990

http://www.iplb.pt/pls/diplb/!get_page?pageid=402&tpcontent=FA&idaut=1748820&tipo=&format=NP405 (acesso em 23 de Setembro de 2005)


Comments:
E gaijas não há gaijas? Quero é gaijas
 
Também eu!
 
Este gaijo ai, o tal poeta, so pode ser queima rosta...perdeu o selinho em coimbra...so pode ser isso!
 
poetas retirados da vida pública ... é coisa de abichanado.
 
Antes retirado da vida pública do que da vida púbica!
Tenho dito.
 
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