quarta-feira, maio 11, 2005
Pátria
Feitos individuais, esforços colectivos, condições históricas de variadas ordens, se aliaram sucessivamente, através da história portuguesa, a remotos impulsos iniciais, dando forma e sentido a um patriotismo que os factores geomorfológicos, as vizinhanças, os laços de raça, e mesmo interesses utilitários, poderiam talvez, noutras circunstancias, ter desfigurado e obscurecido.
Na crise de valores que profundamente está abalando a ordem moral e social e que uma espessa neblina de angustiosas interrogações reveste, um dos conceitos contra os quais mais violentamente se choca o aríete das novas ideias é o da Pátria. Proclamada pura invenção de tiranos e de burgueses, para justificação de ambições imperialistas e para opressão e espoliação dos humildes, essa palavra, outrora mágica, não tem sobre as multidões revolucionárias o poder de outros tempos. Ela já não se enfaixa em si, numa unanimidade absoluta; as aspirações e as almas. Muitos políticos, sob influxo das tendências internacionalistas, a consideram mesmo como uma fórmula oportunista, de feição transitória, que, segundo uma pretendida lei do progresso contínuo, cederá um dia o lugar a uma concepção mais ampla da Humanidade.
in CORREIA, Mendes (1924) Os povos primitivos da Lusitânia
Porto: A. Figueirinhas, pág. 378-379.
Feitos individuais, esforços colectivos, condições históricas de variadas ordens, se aliaram sucessivamente, através da história portuguesa, a remotos impulsos iniciais, dando forma e sentido a um patriotismo que os factores geomorfológicos, as vizinhanças, os laços de raça, e mesmo interesses utilitários, poderiam talvez, noutras circunstancias, ter desfigurado e obscurecido.
Na crise de valores que profundamente está abalando a ordem moral e social e que uma espessa neblina de angustiosas interrogações reveste, um dos conceitos contra os quais mais violentamente se choca o aríete das novas ideias é o da Pátria. Proclamada pura invenção de tiranos e de burgueses, para justificação de ambições imperialistas e para opressão e espoliação dos humildes, essa palavra, outrora mágica, não tem sobre as multidões revolucionárias o poder de outros tempos. Ela já não se enfaixa em si, numa unanimidade absoluta; as aspirações e as almas. Muitos políticos, sob influxo das tendências internacionalistas, a consideram mesmo como uma fórmula oportunista, de feição transitória, que, segundo uma pretendida lei do progresso contínuo, cederá um dia o lugar a uma concepção mais ampla da Humanidade.
in CORREIA, Mendes (1924) Os povos primitivos da Lusitânia
Porto: A. Figueirinhas, pág. 378-379.
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