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terça-feira, março 15, 2005

Digamos a verdade tal como ela é: a Fortuna ama os irreflectidos, os temerários, os aventureiros, aqueles que dizem facilmente «os dados estão lançados!».
A sabedoria torna os homens tímidos; assim encontrareis por todo o lado sábios a morrer de fome,, pobreza e dor, esquecidos, sem glória e sem simpatia.
Os loucos, pelo contrário, nadam em dinheiro, governam os Estados e, numa palavra, encontram em pouco tempo a prosperidade.
Se fazeis consistir a vossa felicidade em agradar aos príncipes e em ser admitidos entre os cortesãos, divindades brilhantes de pedrarias, de que vos servirá a sabedoria? Recuaríeis perante um perjúrio, coraríeis antes de mentir, pois tendes na cabeça os escrúpulos dos sábios sobre o roubo e a usura.
Se ambicionais as dignidades e bens eclesiásticos, mais facilmente os conseguiríeis se fosseis asno ou boi, do que sendo sábio.
Se procurais o prazer amoroso, as mulheres, parte importante neste assunto, amam os loucos e fogem dos sábios como um escorpião.
Enfim, se decidis viver para os divertimentos, deveis evitar o sábio.
Em suma, indo por onde quiserdes, entre os papas, príncipes, juízes, magistrados, amigos, inimigos, grandes e pequenos, todos procuram o metal sonante; e, como o sábio despreza o dinheiro, todos evitam a sua companhia.

Erasmo, Elogio da Loucura (1508).









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