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terça-feira, abril 06, 2004

Dos Espiões


«É uso seguido na milícia e matéria de Estado, observado por todos os príncipes e famosos capitães, o introduzir espiões nas cidades, nos exércitos e praças inimigas, o ter negociações secretas e tratos com alguns deles , para assim se poderem aproveitar suas ocultas notícias sobre as coisas úteis à guerra, antes de chegarem ao conhecimento do vulgo, que de ordinário, as reparte viciadas, ao fazê-las chegar aos ouvidos dos outros. Para tal efeito deve o Capitão-General trazer, criar e acariciar alguns estrangeiros práticos nas línguas e no seu modo inteligente e activo, mas, sobretudo, com grande experiência de serem pessoas fiéis. Estas pessoas, manhosamente, devem entrar e sair no acampamento inimigo, informando-se particularmente do seu poderio e dos seus desígnios. (...) É que deve-se pôr sempre a mira naquilo que se vai fazer, para que das acções se tirem ainda resultados muito superiores aos da acção em si mesma.»

in MELO, D. Francisco Manuel de – Política Militar em Avisos de Generais.
Tradução, comentários e estudo sobre o autor por Reis Brasil. Tomar: Separata da Revista CNA – Orgão dos Colégios Nun´Alvares. 1971. Pág. 59-60.


D. Francisco Manuel de Melo nasceu em Lisboa em 1608 e faleceu na mesma cidade (Alcântara) em 1666, poeta ilustre, historiador, militar e diplomata teve uma existência acidentada, manifestando desde muito novo excepcionais dotes literários. Serviu no exército de Filipe IV de Espanha, tendo participado nas campanhas contra a Catalunha, com o advento da Restauração, em 1640, D. Francisco Manuel adere à causa de D. João IV. No entanto, levanta suspeitas de um lado e de outro. Tendo conhecido a prisão tanto em Espanha como em Portugal. A sua obra é vasta e uma parte dela encontra-se inédita.
A presente obra é denominada no original como “Politica Militar em avisos de Generales. Escrita al Conde de Linares, Marquez de Viseo (...)” – Madrid. Imprensa de Francisco Martinez – 1638. Foi reeditada em Lisboa em 1720 e em Madrid em 1883.
Reis Brasil é o pseudónimo de José Gomes Braz (1908).




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