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sexta-feira, março 05, 2004

Semtopeia versus Centopeia

A Semtopeia (Semtipax senexus), animal outrora abundante, tem hoje o estatuto de animal em perigo.
Contudo, pode observar-se ainda, por vezes dentro das nossas casas, deslizando sobre as arestas e esquinas dos nossos objectos, especialmente de madrugada.
Se quisermos observar um exemplar vivo, é conveniente pegar-lhe com uma mola de roupa (de madeira) e colocá-lo num frasco de vidro.
Como este animal só se desloca sobre esquinas e arestas, dentro do frasco permanecerá imóvel, permitindo uma observação detalhada.
Hábitos: A Semtopeia (Semtipax senexus) prefere sempre os locais secos (Frodo, 1981). Por isso a encontramos com maior probabilidade nas camas ou dentro de sacas de pão (se contiverem pães com mais de 87 horas a probabilidade é de 91,3%). As Semtopeias saem das tocas pela madrugada, à procura dos seus alimentos exclusivos (aranhas, gafanhotos, moscas, formigas, borboletas, escaravelhos, pulgas, lêndeas, carochas, baratas, melgas, mosquitos, pulgões, louva-a-deus, vespas, minhocas, lombrigas, lagartas, alfaiates e bichos-de-conta), sendo as Centopeias o seu manjar predilecto (Silvino, 1979).
Uma das razões da raridade deste animal peculiar, é o facto de ter caído em desuso a utilização de sacas de pão (em linho), bem como o facto das Centopeias – seu alimento de eleição – preferirem locais húmidos (Camarinha, 1988) . Assim, reduziram-se os habitats ao mesmo tempo que se expõem as Semtopeias (Semtipax senexus) aos elementos da geodinâmica externa. Muitas Semtopeias falecem vitimadas por constipações (Mark, 1984) e pneumonias (Twain, 1999), registando-se alguns casos de reumatismo (Zappa, 1997).
Para observar alguns pormenores fisionómicos devemos matar 7 destes animais mergulhando os seus narizes em 20 cl de uma solução de paracetamol a 43M (Junkie, 1971).
Note-se a evidente ausência total de patas como quer indicar o próprio nome “Sem” (ausência), “Topeia” (total de patas). É também devida à ausência de membros locomotores, a inserção das Semtopeias (Sentipax senexus) no grupo dos Zerohapoda.
Ao examinarmos o seu corpo de simetria bilateral, e em corte antero posterior, verificaremos que é revestido por Alquitomina (um derivado polimérico muito resistente, constituído por unidades de albumina empobrecida complexada com alumínio). O corpo é segmentado formando anéis pigmentados alternadamente de verde e branco, coloração que é devida à presença do pigmento ecessepina.
Se observarmos à lupa encontramos no segundo anel uma boca bi-labiada, e no lábio anterior (lado da sem cabeça), uma antena designada por sodomocélio (Taveira, 1988). É este o órgão reprodutor da Semtopeia (Bush, 2002). Embora não seja ainda um processo inteiramente conhecido, pensa-se que a Semtopeia (Sentipax senexus) também usa o sodomocélio no processo de captura das presas (Hussein, 2001), conjugando a introdução do sodomocélio nas cloacas das presas com a vaporização nas respectivas nucas de uma substância letal designada por “bafejo” (Villas-Boas, 2002). A boca da Semtopeia é normal com dentição omodôntica, termo que deriva da brancura do detergente omo. A respiração que é ofegante, efectua-se por traqueias.

(in Journ Cien Nat. "A Trompa" 19carqueja)

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