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sexta-feira, fevereiro 27, 2004

«O commum dos Portuguezes é tão apaixonado pelas cousas estranhas, e tão pouco pelas suas; tão activo em inquerir as bondades e formosuras dos outros paizes, e tão indolente em ver e examinar o que tem ao pé da porta, que é raro entre nós não se experimentar grande estranheza ao ver alguns dos muitos e preciosos monumentos da fecundidade da natureza, ou do artificio do homem, em que abunda Portugal, como se forão plantas exoticas, d´outras regiões, em cujo seio se crê só existir tudo, quanto ha formoso e proveitoso. É profunda a raiz do mal. Occupados na leitura de livros estrangeiros, desprezamos quasi inteiramente a dos nossos escriptores, que muitas vezes descrevem lugares e successos, como se forão não só historiadores, mas pintores. (...)
Nem lemos, nem vemos o antigo; e como que tapamos os olhos, e desviamos o passeio para não observar o que é nosso.»

in SAMPAIO, A. Forjaz de (1838) Uma viagem á serra da Louzãa no mez de Julho de 1838
Coimbra: Na Imprensa da Universidade. Pag. 11

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