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terça-feira, dezembro 23, 2003

A Tina Peixeira


A notícia correu célere no bairro, visitando cada barraco, esquina, viela e chegando mesmo ao conhecimento do Sr. Padre. A Tina Peixeira tinha casado com o Zeca Boa Vida, rapagão bem apessoado e polidor de esquinas de profissão.
Ao princípio foi o descrédito geral, ninguém quis acreditar que a Tina, profissional da arte de vender peixes variados, tinha contraído os sagrados laços do matrimónio com um desempregado profissional. Como era possível que dois elementos tão diferentes, tipo azeite e vinagre, se conseguissem interligar e fundirem-se num só (lindo).
Uma rapariga tão boa (como o milho), trabalhadora incansável e com a particularidade marcante de ter o seio farto e opulento, era o seio da família.
Aqui havia gato escondido com o rabo de fora, e não foi preciso muito tempo para as velhas alcoviteiras anunciarem urbi et orbi a razão para um enlace tão contra natura (bolas, até em latim). Tina Peixeira tinha chegado a uma altura da vida em que a canastra, os piropos da canalhada e as mamas já pesavam (não necessariamente por esta ordem), assim, resolveu no mais curto espaço de tempo e com o que tinha à mão, arranjar um body guard que funcionasse em todos os sentidos e perspectivas, até porque o constante repicar do seu relógio biológico (uma espécie de comichão) atazanava o seu quotidiano, criando-lhe suores frios e palpitações, o que não era nada bom para o equilíbrio da canastra.
Zeca Boa Vida não era flor que se cheire (era pouco dado ás abluções diárias) toda a gente sabia e ela também, no entanto, tinha outros predicados nada negligenciáveis e visíveis que pesaram no livro do deve e haver da Tina, o rapaz tinha sido muito bem dotado pela mãe natureza. E como mais vale um peixe na mão que dois na água, Tina Peixeira não hesitou e juntou o útil ao agradável, casou-se e arranjou um macho!



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