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quarta-feira, março 31, 2004

Mais uma pérola do opúsculo de Alberto Martins de Carvalho, esta referente ao modo como o autor vê a questão do AMOR e a sua intima ligação às questões MONETÁRIAS. O amor não está assim só associado a questões como a paixão, romance, flores (botões de rosa), jantar romântico, bombons, perfume, poesia, pílula do dia seguinte, preservativo, etc., etc..

«O amor, assunto predileto dos romancistas, tem, como toda a gente sabe, intimas relações com os recursos pecuniarios de quem possue aquele sentimento, sendo frequentemente a ausencia ou a insignificancia dos recursos mencionados um obstaculo invencivel á realização de planos dourados pela poesia mais sedutora e deslumbrante, mas até a fome pode ser esquecida pela sua vitima emquanto d´uma maneira completa não tira a essa infeliz creatura as forças para ver o objecto amado ou para, não o podendo ver, lhe reproduzir mentalmente a imagem.»

(CARVALHO:1925. IV)

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«Convem muito á mulher que alcance uma boa posição social para não ser uma escrava do homem, mas não levemos as coisas a tal ponto que ela abandone os trabalhos domesticos, para os quaes a sua natureza é mais propria que a dos membros do sexo forte.»

in CARVALHO, Alberto Martins de (1925) Vida Pastoril e A Senhora Professora. Dois romances Pequenos.
Coimbra: Imprensa Académica. Páginas VIII-IX


Homens de Portuga, Algarve e arredores estamos safos, quando nos pedirem para dar uma ajuda nos trabalhos domésticos, nós, sexo forte, vamos recusar polidamente mas com firmeza (tipo pequenino mas grosso) pois não estamos fadados para tais trabalhos que face à sua índole devem ser executados pelo chamado sexo fraco.


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sexta-feira, março 26, 2004

O livro de Jorge de Montemor, encontrava-se no catálogo do leilão realizado pela Leiria e Nascimento em 10 de Março do corrente ano.


Lote 203
MONTEMOR - Jorge de
PRIMERA // Y SEGUNDA // PARTE DE LA // Diana de
George de // Montemayor. // Aora Nuevamente corregida
y emendada. // (Brasão de armas) //.
En Madrid.Viuda de Alonso Martin, 1622.
8.º Encadernação da época em inteira de pele, com pequenos
defeitos na lombada,VIII-440 fls.

(Com alguns restauros, sobretudo junto às margens superiores
direitas, afectando ligeiramente o texto, especialmente
nos fólios 219, 224, 364 e 420 até final. No fólio 404, o restauro
na margem inferior afecta a última linha do texto.
«Muito rara novela pastoril. Edição conforme à de Madrid,
1602».
Palau, 177969.

EURO 600,00 / 1.200,00

N.B.: Não foi arrematado.


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Há já uns dias que não blogo
(may the force be with me) ....

Peguei num livro à minha frente (*) e abri-o ao acaso e li "entre o cérebro humano e o seu ambiente existe um information gap, que faria do sapiens o animal mais desprovido se este não a pudesse preencher, pelo menos parcialmente, com a experência acumulada e com a apendizagem pessoal (learning)"

Eis o drama português explicado em inglês: information gap
So simple.



* O Paradigma Perdido, E. Morin



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quarta-feira, março 24, 2004

«Um antigo poeta português houve – Jorge de Montemór – que em moço se mudou para Castela e lá viveu e compôs, em castelhano, a sua tam célebre “Diana” . Mas quando por fim nos fala de Coimbra e relembra a “fermosa ribeyra”, subito escreve em língua portuguesa e, com sentimento e linguagem nossa, lindas palavras encontra: “O dia que te meus olhos não viam, jamais se alevantavam a cousa que lhes desse gosto ...” Ausentes de Coimbra, todos que a amâmos somos um pouco como Jorge de Montemór, porque basta que ela se levante na memoria para que na alma acorde a ternura que ela apenas sabe despertar.»

in VIEIRA, Afonso Lopes (1918) Cancioneiro de Coimbra
Coimbra: França Amado. Editor & impressor. Pág. 7


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quarta-feira, março 17, 2004

«Não era, entre nós, muito commum o gosto de viajar, mas vae-se generalisando.
(...) a maior parte das pessoas que se dão a viajar pelo estrangeiro, e nunca viram por ahi as nossas riquissimas terras, os nosos uberrimos campos, as nossas maravilhosas paisagens, preferem recrear-se e extasiar-se lá fóra, sem indagarem primeiro, nem se importarem com o que ha de bom em casa. Tão geral é a ideia de que não ha nada para vêr em Portugal, que muitas pessoas, por um erro digno de compaixão, se riem quando lhe affirmam que ha, e, ou não saem nunca da sua aldeia, ou saem da aldeia para França!
Esses taes envergonham-se, sem duvida, de que não os ouçam discorrer ácerca de que viram muito superficialmente em Paris ou em Genebra, mas não se envergonham de ouvir dizer de si que não conhecem do seu paiz senão a sua aldeia.»

in ARANHA, Brito (1875) Esboços e recordações
Lisboa: Typ. Universal. Pag. 53-54


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"Candeia que vai à frente, ILUMINA altamente"

(provérbios metralha)









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"Cão que ladra não mia"
(provérbios Metralha)










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BLÁ BLÁ BLÁ BLÁ


Solicita-se a VExa que, com máxima urgência, nos esclareça (ver infra):

V.Exa disse:

1 - Roma
2 - Redoma
3 - Ressona
4 - Retoca
5 - Retroca
6 - Retorna
7 - Retorta
8 - Retoma
9 - Retórica
10 - Nenhuma das hipóteses, excepto 9, a única que é notória


Com os melhores cumprimentos




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segunda-feira, março 15, 2004

«There are certainly many bad roads in Portugal, but the enemy has taken decidedly the worst in the whole kingdom.
You will hear a good deal of these movements, and I conclude that it will be necessary to appease the mob by the imprisonment of a few French partizans ; but I think the enemy are mistaken in their plan : they evidently do not know the country, and in the mean time we are safe


Lieut. General Viscount Wellington, K.B., to C. Stuart, Esq.
Cortiço, 18th September 1810,

N.B.: Terceira invasão francesa (Massena)


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sexta-feira, março 12, 2004

Está stressado? Então experimente este nosso método para descomprimir ou será comprimir...

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quinta-feira, março 11, 2004

Oh Elsa! Vais nua?
Não, vou em fato de trabalho!

Oh Elsa! Vais presa?
Não, vou dormir com o chefe!

Ó Elsa! Mete os putos na barraca que há merda no bairro.

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No nosso bairro existe um clube sócio copofone denominado O Delírio do Boi onde todos os sábados se realiza um grandioso baile, abrilhantado por dois magníficos conjuntos, Os Filhos da Pauta que alterna (nada de confusões) com o Algo Maciço.

Este é um diálogo verídico passado no referido baile entre a Déte Mil Homens, dançarina exímia e afamada, e o Quintino Fino Filho, que apesar de ser “rodas baixas” (pessoa de crescimento restrito, vulgo anão) contava já com a idade de vinte e dois outono-inverno.

Quintino Filho apertou o casaco, ajeitou a gravata de popelina e resoluto avançou a passo curto até junto de Déte Mil Homens. Quando se encontrava a meio metro do objectivo, pigarreou para chamar a sua atenção e na sua voz aflautada inquiriu «A menina dança
Déte estremeceu, não só devido a uma cólica repentina e inoportuna, como também, pela desfaçatez do pequenote. Irritada e com vontade de se deslocar urgentemente à latrina, retorquiu-lhe entre dentes «Não danço com garotos!»
Resposta pronta e resoluta do Quintino «Desculpe, não sabia que estava grávida...»


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Com Sem Tracção


Estava a ler acerca da estabilização da temperatura do meio ambiente pela água, muito entretido nas suas propriedades, quando lá fora passou uma ambulância.
Tironiiiii, tironironironiii, tironiiiiii, nóninóniiiiiiii ....
Onde é que eu ia?
Ah! A água!





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terça-feira, março 09, 2004

aperto libro latim
De livro aberto. Em qualquer parte aberta do livro.

ex libris latim
Dos livros de. Fórmula que antecede o nome da pessoa ou entidade a que pertence o livro com essa inscrição.

habent sua fata libelli latim
Os livros têm o seu destino. Aforismo de Terenciano Mauro, cuja obra permaneceu obscura durante muito tempo.

doctus cum libro latim
Sábio com livro. Diz-se dos que ostentam ciência livresca por serem incapazes de raciocinar.

in fine latim
No fim. Refere-se ao fim de um capítulo, parágrafo ou livro.

io non so littere italiano
Não sou letrado. Palavras do papa Júlio II a Miguel Angelo que queria colocar um livro na mão da estátua desse papa. Este preferiu uma espada.

laus Deo latim
Louvor a Deus. Frase que alguns autores colocam no final do livro como sinal de gratidão a Deus.

L. B. latim
Ao leitor benévolo. Palavras ou abreviatura que se antepõe ao texto de um livro, como explicação preliminar; prefácio, proémio ou prefação.

loco citato latim
No trecho citado. Referência, num livro, a um trecho anteriormente citado.

nihil obstat latim
Nada obsta. Fórmula usada pelos censores eclesiásticos ao permitir a publicação de um livro.

otium cum dignitate latim
Descanso com dignidade. Expressão de Cícero aplicada aos letrados de seu tempo que dispunham de recursos para levar uma velhice inteiramente dedicada aos livros.

prolem sine matre creatam latim
Filho criado sem mãe. Epígrafe de Ovídio, que Montesquieu apôs no frontispício de um de seus livros, para significar que ele era inteiramente original.

timeo hominem unius libri latim
Temo o homem de um só livro. Santo Tomás de Aquino empregou esta expressão para dizer que temia aquele que não tinha uma cultura vasta, mas era adversário temível quando se aprofundava no estudo de uma especialidade.

vade mecum latim
Vai comigo. Diz-se dos livros de conteúdo prático e útil, e formato pequeno.
Os chamados livros de bolso.

vient de paraître francês
Acaba de surgir. Usada no mercado de livros para anunciar as novidades literárias.


N.B.: Palavras e expressões mais usuais do latim e de outras línguas estrangeiras relacionadas com o livro.

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segunda-feira, março 08, 2004

ABC das Caipirinhas


"Cientistas australianos garantem que espremer um pouco de sumo de limão dentro da vagina antes do sexo pode matar os espermatozóides, tornando-se um contraceptivo barato e simples.
Assim, juntando o útil ao agradável, adicione também um pouco de açúcar, vodka e gelo na altura da relação sexual e, usando o pénis como pilão, você terá um novo tipo de caipirinha: a caipixotska."

(enviado por e-mail, Peter Vulpes)


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VÍRUS INFORMÁTICOS PORTUGUESES


"Até os vírus, em Portugal, necessitam de aumentar a sua auto-estima:

Hi I'm a Portuguese virus, but because of poor technology in my country I am not able to do anything with your computer
So, please be kind and delete an important file on your system and then forward me to other users.
Thank you."


(enviado por e-mail, Zé Vulpes)


Esta caixa de correio electrónico é um mundo. Tenho que cá vir mais vezes!







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Recebemos na caixa de correio (electrónico) a seguinte história perfeitamente verídica.


"Um milionário promove uma festa num dos seus palacetes e, em determinado momento pede que a música pare e diz, olhando para um tanque onde cria crocodilos do Nilo
- Quem conseguir atravessar o tanque e sair vivo do outro lado ganhará de prémio todos os meus carros. Alguém se habilita?
Espantados, os convidados permanecem em silêncio e o milionário insiste:
- Quem conseguir atravessar o tanque e sair vivo, ficará com os meus carros e os meus aviões também. Alguém se habilita?
O silêncio impera e, mais uma vez, ele oferece:
- Quem atravessar o tanque, e sair vivo do outro lado ganhará todos os meus carros, os meus aviões e as minhas quintas.
Neste momento, alguém salta para dentro do tanque. A cena é impressionante. Luta intensa, o destemido defende-se como pode, segura a boca dos crocodilos com pés e mãos, torce o rabo dos répteis. Há muita violência e emoção.
Parecia um filme do Tarzan! Após alguns minutos de terror e pânico, o corajoso homem sai vivo, cheio de arranhões, hematomas e quase despido.
O milionário aproxima-se, dá-lhe os parabéns e pergunta:
- Onde quer que lhe entregue os carros?
- Obrigado, mas não quero os seus carros – responde o homem
Surpreso, o milionário pergunta:
- E os aviões, onde quer que sejam entregues?
- Obrigado, mas não quero os seus aviões.
Estranhando a reacção do homem, o milionário pergunta:
- Mas, então e as quintas?
- Eu tenho uma bela casa, não preciso das suas. Pode ficar com elas.
Não quero nada do que é seu.
Impressionado, o milionário pergunta:
- Mas se você não quer nada do que eu ofereci, o que quer então?
E o homem responde irritado:
- Só quero saber quem foi o cretino que me empurrou para dentro do tanque!


Moral da História:

Somos capazes de realizar muitas coisas que por vezes nós mesmos não acreditamos, e para concretizá-las precisamos apenas de um pequeno empurrãozinho..."













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CONTRA O VINHO

Mas pergunto: Podem os homens bem viver, ou viver sem beber vinho? Não se pode negar que podem, pois de cem partes do mundo, mais de noventa e nove o não bebem, nem tem: e comtudo vivem muito, e quiçais mais que os que o bebem, e alguns em terras muito fria, e muito mais sãos e fortes.E se não houvesse vinho, nem vinhas, ao menos nas terras boas, claro está, que darião essas mesmas pão ou fructa (que pode sustentar, o que o vinho per si não pode) ou caça, ou pasto, ou madeira, ou lenha, e tudo isto, ou qualquer destas cousas, daria mais fartura, que a falta do vinho, nunca causou fomes, nem carestias, e se pode escusar.

in ANDRADA, Miguel Leitão de (1867) Miscellanea/ de Miguel Leitão de Andrade. Nova ed. Correcta. Lisboa: Impr. Nacional. Pág. 73


O autor nasceu em Pedrogão por volta do ano de 1555 tendo falecido em Lisboa em 1629 ou 1630. Frequentou a Universidade de Salamanca e a Universidade de Coimbra. Partiu para África em 1578 acompanhando D. Sebastião a Alcácer Quibir, tendo aí sido feito prisioneiro e conduzido para Fez, onde sofreu cativeiro.
Por vezes o seu apelido surge com Andrada.
A primeira edição da sua obra Miscelânea do Sítio de N. S.ª da Luz do Pedrogão Grande veio a publico em 1629.


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sábado, março 06, 2004

Neste jornal li que “Em Portugal, uma em quatro famílias tem uma segunda habitação, conferindo-lhe o título de campeão europeu da modalidade", sendo Portugal considerado um “País de falsos pobres”.


Ora deixa cá ver se também sabemos fazer contas deste tipo e tirar conclusões de seriedade equivalente:
Suponhamos que o Bill Gates dono da Microsoft vale 53 000 000 000 Euros;
Acrescentemos 99 Zés Maneis proprietários de um casebre na serra e uma motorizada avaliados a 25000 euros cada (5000 contos antigos).
Os 99 Zés valem por atacado 2 475 000 Euros (99 x 25 000).
Agora suponhamos que juntamos o Bill e os Zés Maneis num congresso qualquer (numa foto do Bill congressista com os 99 Zés arrumadores de carros, por exemplo).
Obtém-se um total de 100 cabeças (99 Zés + 1 Bill) a valer um total de 53 002 475 000 Euros. O que dá 530 024 750 Euros por cabeça.
Agora compare-se este último valor (valor per capita) com o que foi assumido como sendo verdadeiramente de propriedade de cada Zé Manel:
530 024 750 Euros (valor per capita) versus 25 000 Euros (valor real).

É fácil de constatar que também estamos, pois, em condições de afirmar que os Zés Maneis de Portugal são empresários da arrumação automóvel de grande sucesso.

Dá impressão que anda para aí muita falsa notícia a somar a falsos pobres e a economistas de segunda.
Bem, temos que ser campeões em alguma coisa.


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"Fala a Loucura - XXV

Desculpar-se-iam os filósofos que se mostram nos empregos públicos como o asno com a lira, se nos outros assuntos da vida se não mostrassem igualmente desajeitados. Convidai um sábio para jantar e ele estragar-vos-á o festim com o seu silêncio severo ou com dissertações aborrecidas. Convidai-o para dançar e dir-se-ia um camelo a saltar. Levai-o ao teatro e o seu rosto bastará para estragar o prazer do público, e obrigá-lo-ão a sair da sala, como aconteceu com Catão, por não ter conseguido deixar de mostrar um ar severo.
Se por acaso o filósofo toma parte numa conversa, é como se chegasse o lobo da fábula. Se se trata de comprar ou vender, ou de qualquer dos actos indispensáveis à vida quotidiana, o nosso filósofo não terá o ar de um homem, mas de um cepo. Não é prestável nem para si próprio, nem para a pátria, nem para os amigos, porque nada sabe das coisas vulgares e as opiniões e os hábitos correntes são-lhe completamente estranhos. Esta separação total dos outros espíritos atrai-lhe o ódio de todos. Poder-se-á fazer alguma coisa, de facto, no mundo, que não seja inspirada pela loucura, pelos loucos e para os loucos?
Aquele que se opõe ao sentimento geral apenas lhe resta o exemplo de Tímon, encerrando-se para sempre no deserto, para assim gozar sozinho a sua sabedoria."

Desidério Erasmo (1469-1436)











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Lampreia (Petromyzon marinus) assada

Tirada a tripa e o fel, mete-se a lampreia no espeto, e assim se irá assando, untando-se com azeite, sal e pimenta.
Depois tempera-se com sumo de laranja.

(adapt.”Caderno do Refeitório, Ed Barca Nova)
















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Quando o governante é indulgente
o povo permanece puro.
Quando o governante é intransigente
o povo torna-se transgressor.
A felicidade repousa sobre a infelicidade
a infelicidade esconde-se na felicidade.
Onde acaba tudo isto?
O mundo não tem normas
porque o normal pode tornar-se anormal
e o bem pode transformar-se em monstruosidade.
Desde há muito os homens
se enganam a este respeito.
Assim o santo disciplina sem ofender,
purifica sem vexar,
rectifica sem oprimir,
ilumina sem ofuscar.

Lao Tse (Velho Mestre) séc VI a.c.– Tão Te King (séc III)

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Música maestro

A família Metralha sempre gostou muito de música, tendo inclusivamente ficado marcado de forma indelével no ouvido olfactivo as soirées de harpa e dança ou como diziam os vizinhos “darpeidança”.
O Tio M.Etralhadora era mesmo considerado um melómano maligno devido a um cancro de pele que o atormentava, desde que apanhou uns escaldões valentes no Reino do Algarve quando trabalhava para o bronze.
Mas como eu dizia no princípio da posta, a veia artística da família, espraiava-se por vários e múltiplos instrumentos que passo a apresentar com o respectivo concertista:
- A prima Inocência era exímia tocadora de flauta lisa;
- A sua irmã Purificação era óptima a dedilhar no órgão sexual;
- O Mano 13 desde pequeno que tocava em campainhas de porta, sendo perito nas chamadas tocata com fuga;
- A mulher do Tio M.Etralhadora era divinal na voz, fruto das muitas discussões (o cantar à desgarrada) com o cônjuge;
- A avó Metralha tocava bombo selvaticamente não dando descanso a ninguém principalmente quando gritava “estiquem-me as peles!”;
- Eu era mais pratos e primas;
- Para já não falar de uma criada lá de casa, que o pai tirou da miséria e pôs a pedir, que era quem dava as lições de solfejo à canalhada do bairro.
Em suma, uma família que respirava música, K7 piratas, long player do Dino Meira (Zum Zum Zum Zum, pega no copo e bebe lá mais um), a interacção familiar era tanta que de manhã (lá para as três da tarde) o pessoal quando acordava dizia que tinha a língua a saber a papel de música.



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sexta-feira, março 05, 2004

Semtopeia versus Centopeia

A Semtopeia (Semtipax senexus), animal outrora abundante, tem hoje o estatuto de animal em perigo.
Contudo, pode observar-se ainda, por vezes dentro das nossas casas, deslizando sobre as arestas e esquinas dos nossos objectos, especialmente de madrugada.
Se quisermos observar um exemplar vivo, é conveniente pegar-lhe com uma mola de roupa (de madeira) e colocá-lo num frasco de vidro.
Como este animal só se desloca sobre esquinas e arestas, dentro do frasco permanecerá imóvel, permitindo uma observação detalhada.
Hábitos: A Semtopeia (Semtipax senexus) prefere sempre os locais secos (Frodo, 1981). Por isso a encontramos com maior probabilidade nas camas ou dentro de sacas de pão (se contiverem pães com mais de 87 horas a probabilidade é de 91,3%). As Semtopeias saem das tocas pela madrugada, à procura dos seus alimentos exclusivos (aranhas, gafanhotos, moscas, formigas, borboletas, escaravelhos, pulgas, lêndeas, carochas, baratas, melgas, mosquitos, pulgões, louva-a-deus, vespas, minhocas, lombrigas, lagartas, alfaiates e bichos-de-conta), sendo as Centopeias o seu manjar predilecto (Silvino, 1979).
Uma das razões da raridade deste animal peculiar, é o facto de ter caído em desuso a utilização de sacas de pão (em linho), bem como o facto das Centopeias – seu alimento de eleição – preferirem locais húmidos (Camarinha, 1988) . Assim, reduziram-se os habitats ao mesmo tempo que se expõem as Semtopeias (Semtipax senexus) aos elementos da geodinâmica externa. Muitas Semtopeias falecem vitimadas por constipações (Mark, 1984) e pneumonias (Twain, 1999), registando-se alguns casos de reumatismo (Zappa, 1997).
Para observar alguns pormenores fisionómicos devemos matar 7 destes animais mergulhando os seus narizes em 20 cl de uma solução de paracetamol a 43M (Junkie, 1971).
Note-se a evidente ausência total de patas como quer indicar o próprio nome “Sem” (ausência), “Topeia” (total de patas). É também devida à ausência de membros locomotores, a inserção das Semtopeias (Sentipax senexus) no grupo dos Zerohapoda.
Ao examinarmos o seu corpo de simetria bilateral, e em corte antero posterior, verificaremos que é revestido por Alquitomina (um derivado polimérico muito resistente, constituído por unidades de albumina empobrecida complexada com alumínio). O corpo é segmentado formando anéis pigmentados alternadamente de verde e branco, coloração que é devida à presença do pigmento ecessepina.
Se observarmos à lupa encontramos no segundo anel uma boca bi-labiada, e no lábio anterior (lado da sem cabeça), uma antena designada por sodomocélio (Taveira, 1988). É este o órgão reprodutor da Semtopeia (Bush, 2002). Embora não seja ainda um processo inteiramente conhecido, pensa-se que a Semtopeia (Sentipax senexus) também usa o sodomocélio no processo de captura das presas (Hussein, 2001), conjugando a introdução do sodomocélio nas cloacas das presas com a vaporização nas respectivas nucas de uma substância letal designada por “bafejo” (Villas-Boas, 2002). A boca da Semtopeia é normal com dentição omodôntica, termo que deriva da brancura do detergente omo. A respiração que é ofegante, efectua-se por traqueias.

(in Journ Cien Nat. "A Trompa" 19carqueja)

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"Ter pais pobres é destino, mas sogros é estupidez"

(provérbios Metralha)

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quarta-feira, março 03, 2004

Mais provérbios Metralha


"Mais vale uma mão inchada do que uma enxada na mão"

"Mais vale uma mama na mão do que duas no soutien"

"Tudo pode acontecer, papel fino rasgar e dedos no cu meter"

"É cagar e andar, e nem o cu limpar"

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terça-feira, março 02, 2004

C.Orno Manso entrou na ternura dos quarenta e como homem precavido que é marcou uma consulta no médico para efectuar um exame rectal à próstata.
Não sei se a estimada freguesia – masculina – conhece o referido exame, mas este é feito pelo médico através de apalpação rectal, utilizando o dedo indicador bem untado de vaselina. Ui, ui...
O nosso homem, salvo seja, depois de desapertar as calças, subiu para cima da marquesa (não é a de Alorna) colocando-se de cócoras e aguardou.

Quando saiu do consultório médico assobiava alegremente, não só porque o seu exame tinha sido negativo, como também tinha “ganho” um magnífico relógio ROLEX que inadvertidamente (digo eu) escorregara do pulso do clínico…


(__|.|__) Cu com as nádegas afastadas para exame à próstata.

(__|o|__) Cu com as nádegas afastadas após exame à próstata.


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"Amigo Dirigente, é melhor que parente"

(provérbios Metralha)

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"Bom rei, se quereis que vos sirva, dai-me de comer"

(provérbios portugueses)

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Metralhas Ilustres também os há

E até disse um dia o Grande Filósofo Metralha Bochart

"La bruá et les batates empaturrent beaucoup"






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AS MOSCAS (Capítulo XV)


As moscas são animais muito irritantes.
Imitando as aves planadoras, rainhas dos ares, as moscas sobem pela encosta acima, nos vapores ascendentes que se libertam do monte da bela bosta.
E zumbem e zunem, zunem e zumbem até que lhes chega um chinelo ou um pano qualquer que as espanta do espaço aéreo da nossa cozinha.
Acabam-se então as moscas e seus zumbidos.
Enquanto isso, a bosta continua lá fora a emanar os seus vapores.





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