quinta-feira, julho 08, 2004
PROLOGO (fora do panno)
Com tres venias
SENHORAS,
SENHORES:
O Auto que vamos ter a honra de representar na vossa presença, diz apenas uma homenagem áquella instituição coimbrã que vós conheceis, que é já quasi uma instituição nacional, e que se chama – a Sebenta.
Escada de mil degráos que cada um tem de subir para chegar a Bacharel, ella representa o passado, porque massou os nossos avós, representa o presente, porque nos massa agora, e representa o futuro – por que ha de massar os nossos filhos. A Sebenta tem a poesia das coisas velhas, o encanto da legenda.
Duvidam os sabios sobre se ella nasceu no Largo da Feira, ou se veio ao mundo por geração espontanea; mas se agora vos massasse com as suas fontes, origens e importancia, eu deixava de ser o prologo da peça para me tornar n´aquilo de que vos fallo…
Se no decorrer do Auto que vamos ter a honra de representar deante de vós, achardes alguma scena, algum verso, que vos seja motivo de alegria, ou de saudade, teremos nós todos conquistado a nossa glória, e seremos felizes.
Agora que em largos traços vos disse o nosso empenho, qual o de concorrer para a festa n´esta commemoração do centenario, transportando para a scena, entre figuras historicas, a própria imagem da Sebenta, só vos tenho a pedir, em nome do Autor, em nome dos meus camaradas no Auto, e em meu proprio nome, a vossa benevolencia, Senhoras e Senhores.
FIM DO PROLOGO
in VIEIRA,1899:5-6
N.B.: O Auto da Sebenta foi representado num sarau académico realizado em 29 de Abril de 1899 para comemorar o Centenário da Sebenta, sendo da autoria de Afonso Lopes Vieira, ao tempo, estudante do 4.º ano da faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
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