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quinta-feira, julho 22, 2004

Disseram-me há uns tempos atrás que eu andava com mau aspecto. Mau aspecto, eu? Eu? Mau aspecto?
As bocas repetiram-se, por isso acabei por procurar aconselhamento profissional.
Ora, a pessoa que tenho em maior consideração para avaliar essas coisas do aspecto, é o barbeiro, dada a experiência de anos largos a tratar do aspecto aos clientes que se submetem à cadeira da tosquia.
Disse-me ele assim que cheguei à porta: "Ena, ena, já não o vejo há uns meses"
Nem lhe respondi à provocação.
Sentei-me e foi então que me vi. E não me reconheci. O cabelo enorme (e farto), revolto, fazia caracóis. Na verdade, já não me via num espelho há muito tempo. Na barraca não há desses luxos, nem fica bem a um bandido profissional perder tempo com essas fraquezas. Bem me pareceu reconhecer de qualquer lado, um rocker cabeludo que já tinha visto em reflexos a seguir-me por todo o lado.  Pensei até que fosse um desses agentes da secreta, do sis, ou da judite, ou do camandro.
O Barbeiro, naquela manhã, talvez por eu já ter tomado uns cinco ou seis mata-bichos, estava com uma cara de tótó e dava ares do Mano 69 não sei porquê.
A tesoura fazia tic tic tic , tic tic tic tic, frenética! E os , caracóis e melenas voavam e caiam às mãos cheias por toda a parte. Estava, de facto, com mau aspecto.
Depois veio a máquina, e mais crinas se soltaram, e pêlos, e cabelos. Uma fartura cabeluda!
No rádio davam umas notícias cómicas de umas trocas de Secretários de Estado e enganos nas designações de ministérios num país qualquer da América Latina.

 

Eu dormitava sentado no banco à porta da barraca e, apesar do calor, acordei com um arrepio de frio na cabeça. O cabelinho faz uma falta dos diabos.

 

 

 

 

 


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